GUERRA MUNDIAL Z & OS FILMES DE ZUMBI

A cultura pop se rendeu aos mortos-vivos. Seja nas HQs, na TV (The Walking Dead) ou nos cinemas, o número de produções que exploram o filão dos filmes com zumbis vem crescendo. Nesta próxima sexta, dia 28 de Junho, estreia o aguardado “Guerra Mundial Z”, baseado no romance de Max Brooks (filho do comediante Mel Brooks) , que traz frente do elenco Brad Pitt cuja visita promocional ao Rio foi cancelada em virtude das manifestações da última semana. Além do filme de Pitt, aguarda-se a chegada em nossas telas de outros projetos envolvendo a luta contra os mortos que andam, inclusive a produção espanhola “Juan de los Muertos”.

Brad Pitt enfrenta os zumbis

Brad Pitt enfrenta os zumbis

O gênero não é nenhuma novidade, e em 1932 o icônico Bela Lugosi aparecia em “Zumbi Branco” (White Zombie) como um bruxo que usa poções para despertar os mortos no Haiti e que gerou, inclusive a continuação “Revolta dos Zumbis” (Revolt of the Zombies), em 1936, sem Lugosi no elenco. Os filmes com zumbis, no entanto, só viriam a se popularizar mesmo a partir de 1968 com “A Noite dos Mortos Vivos” (Night of the Living Dead) de George Romero, onde curiosamente a palavra zumbi não é dita em nenhum momento do filme que mostra um grupo de pessoas encurraladas em uma velha casa por cadáveres que saem de suas sepulturas para atacar os vivos e devorá-los. O filme, rodado com baixo orçamento (custou pouco mais de $100.000), em preto e branco,e mostrando personagens tomados pelo desespero, sem qualquer explicação aparente, movidos pelo medo e pelo instinto de sobrevivência. Romero fez seus mortos-vivos ameaçadores apesar do passo lento e sem contar com qualquer efeito sofisticado, resultando em um marco do horror cinematográfico. Deixando de lado o misticismo do filme de Lugosi, o filme de Romero sugere que a causa do despertar dos mortos seria a radiação de um satélite vindo de Vênus – mais em sintonia com a década de 60 que via a conquista espacial com um misto de fascínio e desconfiança. Curiosamente, o filme ia se chamar “A Noite de Anubis”, uma referência ao deus egípcio dos mortos, mas trocou o nome por temer que o público não percebesse. Romero voltou a esse universo apavorante estendendo o perigo para um raio de ação global em “Zumbi – O Despertar dos Mortos” (Dawn of the Dead) em 1978, que reafirmou a metáfora dos zumbis como crítica ao consumismo exacerbado ao colocar toda a ação do filme centrada em um shopping Center que serve de refúgio aos humanos sobreviventes.

Os mortos vivos de Romero

Os mortos vivos de Romero

Muitos anos depois, Michael Jackson assombrou o mundo com o clip “Thriller” lançado em Dezembro de 1983 e que homenageia os filmes de terror, especialmente os de Romero. A canção faz excelente uso de números de dança cuja coreografia, ritmo e a narração hipnótica da voz de Vincent Price transforma cadáveres putrefatos em exímios dançarinos e marcando toda uma geração. “Thriller” mostrou que os avanços da maquiagem (a cargo de Rick Baker de “Um Lobisomem Americano em Londres”) e dos efeitos favoreceriam uma retomada desse subgênero do horror. Dois anos depois Romero volta ao assunto em “O Dia dos Mortos” (Day Of the Dead) com melhores resultados em termos de maquiagem e efeitos e ampliando o campo de ação dos mortos-vivos em escala global restando a um grupo de militares e cientistas a defesa do mundo. Em 1985, Dan O’Bannon une o terror escatalogico ao humor em “A Volta dos Mortos Vivos” sobre um gás experimental que desperta os mortos famintos por “cérebros”. O filme chegou a ser pensado para George Romero para dirigir, mas este nunca respondeu aos convites dos produtores. No mesmo ano, O diretor Stuart Gordon adapta o conto do escritor norte-americano H.P.Lovercraft que se torna “Re-Animator” , que ainda ganha o sub-título “A Hora dos Mortos Vivos’, quando os distribuidores brasiileros assim batizavam vários filmes do gênero (A Hora do …. ) dando início ao que chamaram de “Espantomania”, popularizando o terror entre os jovens e fans do gênero. O filme ainda geraria a sequência “A Noiva do re Animator” em 1989, se distanciando ainda mais do material literário original e se aproximando ainda mais de uma paródia de “Frankenstein”.
Nos anos 90, Tom Savini – que fez a maquiagem de “Zumbi, o despertar dos mortos” – dirigiu a refilmagem de “A Noite dos Mortos Vivos” com bom resultado. Peter Jackson, futuro responsável pela trilogia de “O Senhor dos Aneis” , realiza “Fome Animal” (Braindead) em que a mordida de um macaco transforma uma mãe dominadora na primeira de uma horda de zumbis famintos por cérebros. O orçamento pobre é compensado por altas doses de humor, que voluntário ou não, chamou a atenção para o trabalho de Jackson.

Madrugada dos mortos

Madrugada dos mortos

Nos últimos anos, Romero voltou ao gênero em “Terra dos Mortos” (Land of the dead) em 2005, “Diário dos Mortos” (Diary of the Dead) em 2007 e “Ilha dos Mortos” (Survival of the dead) de 2009. Zach Snyder, de “Watchmen”, “300”, e do recente “O Homem de Aço”, refilma em 2004 o segundo filme de Romero, rebatizado no Brasil de “Madrugada dos Mortos” (Dawn of the dead) que consegue grande sucesso. Logo, os zumbis se espalharam por toda a mídia, principalmente depois que a indústria dos games popularizou o jogo “Resident Evil” sobre um vírus que transforma as pessoas em criaturas morto-vivas, que virou uma franquia de sucesso iniciada em 2002 e que já conta com um total de cinco filmes. Milla Jojovich tornou-se com “Resident evil” a heroína dos filmes de ação e novas sequências já são prometidos. A ideia de um vírus criando zumbis também foi aproveitada pelo inglês Danny Boyle em “Extermínio” (28 days later), que gerou sequência em 2007 “Extermínio 2” (28 weeks later). Um dos mais importantes do gênero, no entanto, é “Eu sou a Lenda” (I am the legend) de 2009, adaptação do romance homônimo de Richard Matheson, um dos maiores autores de fantasia e ficção científica falecido esta semana, que já fora adaptado duas outras vezes (1954 e 1971) e mostra o destino da raça humana nas mãos do cientista Robert Neville, único capaz de reverter o vírus que transforma os humanos em zumbis.

Eus sou a lenda de Richard Matheson

Eus sou a lenda de Richard Matheson

Com o grande sucesso da série de Tv “The Walking Dead’, baseada em uma HQ extremamente popular, parece certo que o assunto está longe de se esgotar, abrindo espaço para “Guerra Mundial Z” (World war Z). Os mortos certamente continuarão a se levantar.

por Adilson Cinema

OBITUÁRIO : RICHARD MATHERSON

QUE DESCANSE EM PAZ, O GRANDE ESCRITOR

QUE DESCANSE EM PAZ, O GRANDE ESCRITOR

O cinema perdeu hoje um dos melhores escritores a já ter trabalhado no meio televisivo e cinematográfico. Richard Matheson (1926 – 2013) soube escrever histórias instigantes e envolventes em contos e livros que serviram de base para excelentes filmes como “Encurralado” (1971) – que lançou o cineasta Steven Spielberg, “Eu sou a Lenda” que foi adaptado três vezes: 1954 com Vincent Price, 1971 com Charlton Heston e 2009 com Will Smith.
Nascido em Nova Jersey, mas criado no Brooklyn, Matheson começou a escrever ainda criança e começou a trabalhar professionalmente na revista “The Magazine of Fantasy & Science Fiction” ainda nos anos 50. Pouco depois já teve adaptado para as telas a instigante história de um homem que começa a reduzir seu tamanho a dimensões microscópicas em “O Incrível Homem que Encolheu”, marco do gênero que não disfarça suas pretensões filosóficas. Escreveu roteiros para duas das mais importantes séries de ficção científica da tv: ” Além da Imaginação” e “Jornada nas Estrelas”.
Junto a Roger Corman usou seus talentos na adaptação de histórias de terror geralmente adaptando Edgar Allan Poe. Também adaptou Jules Verne em “Robur Conquistador do Mundo” em 1961. Seu sucesso influenciou muito o trabalho de Stephen King, que admitiu ter em Matheson seu escritor favorito. A doutrina espírita que adotou aparece em trabalhos aclamados como “Em algum lugar do passado” em 1980 com Christopher Reeve & Jane Seymour e “Amor além da vida” de 1998 com Robin Williams & Annabella Sciorra. Seus três filhos também enveredaram pelo caminho das letras, tornando-se escritores .
Suas últimas obras recentemente adaptadas foram “A Caixa” em 2006 com Cameron Diaz e “Gigantes de Aço” de 2011 com Hugh Jackman. Esses entre outras obras firmaram o nome do escritor entre os grandes. Sentiremos falta de sua imaginação e criatividade, mas preservamos suas obras como exemplo da capacidade humana de nos fazer sonhar e imaginar, muito além do infinito. Adeus grande escritor.

por Adilson Cinema

OUTRAS ESTREIAS DA SEMANA : 21 DE JUNHO

MINHA MÃE É UMA PEÇA. (BRA 2013). Dir: Andre Pellenz. com Paulo Gustavo, Mariana Xavier, Ingrid Guimarães, Suely Franco.

Do teatro para as telas

Do teatro para as telas

Adaptação de peça teatral obre mãe divorciada que, decepcionada com os filhos, sai de casa e vai morar com uma tia. Nisso, os filhos descobrem que apesar da liberdade aparente, sentirão falta da progenitora mesmo com sua super proteção e mimos variados.

A BELA QUE DORME (bella Adormentata) ITA 2013. Dir: Marco Bellochio. Com Isabelle Huppert, Tony Servillo.

Não é conto de fadas.

Não é conto de fadas.

Historia sobre a polêmica da eutanásia através de senador que está indeciso sobre a aprovação de lei a respeito enquanto jovem jaz em coma após terrível acidente.

OS ESCOLHIDOS. (The Chosen) EUA 2012. Dir: Scott Charles Stewart. Com Keri Russell, Josh Hamilton, J.K.Simons.

Ficção cientifica

Ficção cientifica

Família tem a vida virada de cabeça para baixo quando seu filho passa a se envolver em eventos de natureza sobrenatural. Lembram de J.K.Simmons ? Ele foi J.Jonah Jameson na trilogia do Homem Aranha dirigida por Sam Raimi e aparece aqui neste filme de mistério despretensioso, igual a muitos outros.

por Adilson Cinema

ESTREIAS DA SEMANA : 21 DE JUNHO – UNIVERSIDADE MONSTROS

A VOLTA DE SULLEY & MIKE

A VOLTA DE SULLEY & MIKE

Quem ainda tem medo do bicho-papão ? Depois de “Monstros S.A” (1998) , acredito ninguém, principalmente depois que os adultos se renderam ao charme de Sulley & Mike na animação da Disney-Pixar que invadiu os cinemas há 15 anos. A animação que estreia nesta sexta, no entanto, não é uma sequência mas um prólogo com os personagens (o primeiro trabalho da empresa retomando personagens já consagrados pelo público e crítica), dublados no original por John Goodman & Billy Cristal, mostrados na Universidade, antes portanto de se tornarem os profissionais do susto noturno. A história aproveita a premissa para mostrar o universo de fantasia, ao que os personagens pertencem, com maiores detalhes. Curioso mostrar por exemplo que Sulley e Mike não se tornaram amigos à primeira vista e como os dois interagiram em uma época em que o grandalhão era o mais popular dos monstros e ambos terão que participar juntos de uma competição de sustos. As piadas exploram o ambiente universitário, o rito de passagem para uma maior responsabilidade. Curiosamente, um dos monstros é dublado por Michel Teló, e é claro será um monstro cantor. Animação de qualidade para toda a família.

OBITUÁRIO JAMES GANDOFINI

Adeus a Tony Soprano

Adeus a Tony Soprano

Com muito pesar a imprensa internacional recebeu a notícia da morte do ator James Gandolfini, intérprete de Tony Soprano, o patriarca da família de mafiosos que durante 7 anos foi um enorme sucesso na HBO e que lhe proporcionou um Globo de Ouro e três Prêmios Emmy. O ator ainda pôde ser visto recentemente em filmes como “O Sequestro do Metrô 123” (2009), “O Homem da Máfia” (2012) e “A Hora Mais Escura” (2012) onde interpretou o diretor da C.I.A. James faleceu vítima de enfarto aos 51 anos durante suas férias na Itália com a família. Que Deus o tenha !

 

por Adilson Cinema

O CINEMA & AS MANIFESTAÇÕES

O País está se mobilizando para se expressar seu descontentamento com toda a sujeira e corrupção vigente. Há muito já era a hora de abrirmos nossa boca e colocarmos para fora essas emoções. Açoitados pela péssima qualidade de vida, altos impostos, mandos e desmandos dos governantes vamos relembrar momentos em que o cinema mostrou a força do indivíduo de mobilizar multidões por uma boa causa. Nos primórdios do cinema, “O Encouraçado Potemkin” do russo Serguei Eisenstein (1925) já mostrava a rebelião de um grupo de marinheiros que sofria com a má qualidade de vida à bordo de um navio de guerra. Vejamos 5 bons exemplos de que alguma coisa só muda quando nos permitimos protestar contra a injustiça, mas sempre atentos para manter uma postura pacífica e não violenta para jamais sermos confundidos com baderneiros ou animais raivosos.

1) Norma Rae. (1979) Dir: Martin Ritt. Com Sally Field, Beau Bridges.

QUEREMOS DIGNIDADE.

QUEREMOS DIGNIDADE.

Baseado na vida da operária Crystal Lee Sutton que ergueu sua voz contra as péssimas condições de trabalho na industria textil. A cena : Norma (Fields) erguendo um cartaz anunciando a força da sindicalização. Sally Fields ganhou o primeiro Oscar de sua carreira.

2- Hoffa (1991) Dir: Danny DeVito. Com Jack Nicholson, Danny de Vito.

CHEGOU A HORA DA MUDANÇA

CHEGOU A HORA DA MUDANÇA

Cinebiografia de Jimmy Hoffa, líder sindical atuante nos Estados Unidos, nos anos 60 & 70, que virou a principal figura de contestação pelos direitos dos trabalhadores, chegando a alcançar admirável projeção política que o colocou em rota de colisão com os poderosos, o que inclui o então Presidente Nixon. A cena acima mostra Hoffa e seu braço direito Bobby Ciaro (DeVito) em meio à multidão durante confronto.

3. Gandhi. (1983) Dir:Richard Altenborough. Com Ben Kingsley, Candice Bergen.

PROTESTEMOS MAS SEM VIOLÊNCIA

PROTESTEMOS MAS SEM VIOLÊNCIA

A vida de Mahatma Gandhi, líder espiritual que enfrentou o imperialismo inglês na India e tornou-se um símbolo mundial da resistência pacífica. Oscar de melhor ator para Ben KIngsley.

4. Os Miseráveis (Les Miserábles) 2012. Dir: Tom Hooper. Com Hugh Jackman, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Russell Crowe.

SOMOS TODOS MISERÁVEIS ??

SOMOS TODOS MISERÁVEIS ??

Adaptação da obre de Victor Hugo, este foi um dos filmes mais badalados da última cerimônia do Oscar com uma merecida estatueta para Anne Hathaway. A história escrita no século XIX entra nessa seleção como exemplar ideal de um dos maiores levantes populares da história, a Revolução Francesa, pano de fundo para a trajetória de Jean Valjean (Jackman).

5. Adorável Vagabundo (Meet Joe Doe) 1941. Dir:Frank Capra. Com James Stewart, Barbara Stanwyck.

NÓS PROTESTAMOS !!!

NÓS PROTESTAMOS !!!

O último filmes desta lista entra como forma a mostrar a força de um individuo como uma influência transformadora. A imagem de John Willougby (Cooper), homem simples e de bom coração que encarna o homem comum da obra de Frank Capra. Sua promessa de se atirar do alto do Empire State na noite de Natal como protesto contra a corrupção e a desumanidade ganha um alcançe assombroso em todo o país, tudo arquitetado por uma brilhante reporter, que assim como John acaba se apaixonando pela causa.

Muitos outros filmes poderiam ser citados, quais vocês gostariam? Quais vocês incluiriam ? Não esquecemos que além de se fazer ouvir nas ruas, precisamos nos fazer ouvir nas urnas na hora de decidir quem vai nos guiar. A arte pode imitar a vida ou o inverso.

por Adilson Cinema

AGRADECIMENTOS

Muitos me perguntam , por quê ? Porque trocamos idéias, porque descobrimos o potencial que um filme pode ter em nossas vidas.Gostaria que filmes pudessem ter impacto tal em nossas vidas que pudéssemos nos reinventar através do que gostamos e odiamos através desses mais de 100 anos em que a sétima arte fez da fotografia em movimento uma nova forma de contar histórias. Falando de cinema recontamos parte dessas histórias, descobrimos através da vida de astros e estrelas que nossos ídolos eram seres humanos assim como nós, cheios de medos, apreensões, dúvidas, decepções. Conforme nos ensinou Chaplin, transformar lágrimas em risos e risos em lágrimas é parte essencial do que é estar vivo. Então, vamos falar de cinema !

Adilson

por Adilson Cinema

AGRADECIMENTOS AOS AMIGOS

Thank you very much

Thank you very much

A todos os meus amigos e internautas que compareceram ao blog, meu sincero muito obrigado pelo apoio e carinho. Inaugurado em 27 de Setembro de 2013 o blog – que alcançou neste último final de semana a marca de mais de 1000 acessos – tem sido uma maneira da trocarmos ideias sobre filmes, atores, diretores e clássicos, comentarmos sobre os lançamentos e , quem sabe, nos direcionar sobre qual filme assistir. Espero do fundo do meu coração que eu tenha conseguido passar as informações com sobriedade e apuro para compartilharmos juntos, ainda que virtualmente, da máxima que sempre diz que o cinema é a maior diversão. Obrigado e vamos seguir em frente que tem muita coisa a ser falada.

por Adilson Cinema

ESTREIA DA SEMANA : ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK

Kirk encara seu algoz

Kirk encara seu algoz

J.J Abrams usa seu toque de midas mais uma vez, ao que tudo indica a última já que o diretor assumiu a franquia STAR WARS. O grande obstáculo de Abrams foi ter reiniciado uma das mais amadas obras do gênero que andava sem o merecido destaque e desgastada depois de sequências que naufragaram no gosto popular. O mérito de Abrams no filme de 2009 foi criar um linha narrativa que respeita a tradição da criação de Gene Roddenberry sem deixar pesar sobre o público geral toda uma cronologia. Ainda mais, não precisou se deixar levar pelo papo cabeça e privilegiou a ação pautada em um roteiro sólido e consistente, enfim, conseguiu agradar a gregos e troianos.
Essa sequência traz um vilão ainda melhor que Nero no filme anterior, o inglês Benjamim Cumberbatch (da série da BBC “Sherlock”) faz o terrorista John Harrison ,cuja verdadeira identidade pode surpreender, em uma atuação mais do que digna. Sua habilidade de manipular os eventos é o catalisador de toda a ação frenética que movimenta toda a tripulação da Enterprise e recria alguns fatos vistos antes com igual intensidade dramática. Chris Pine está mais à vontade no papel de Capitão Kirk e dele dependerá decisões que justificarão o título do filme. Zachary Quinto é outro cuja presença enriquece a trama e pode surpreender os que apenas esperam dele a postura lógica e fria. O humor em algumas cenas serve para respirarmos entre as batalhas e perseguições frenéticas que  põe todos os personagens em alerta constante. O Scott de Simon Pegg é um achado e o acréscimo da Dra Carol Marcus (Alice Eve) é bem costurado na trama plantando sementes a ser exploradas nos próximos filmes.

Kirk & Carol Marcus

Kirk & Carol Marcus

Na história, um terrorista é responsável por um rastro de destruição na Terra (bem em sintonia com nossos tempos) e se refugia no planeta dos Klingons, raça guerreira extremamente hostil. A caçada a John Harrison revela uma trama política que desnuda podres nos altos escalões da Frota Estelar e testará ao extremo a lealdade e o heroísmo da tripulação da Enterprise. Assisti ao filme mas não em 3D, o que certamente transformará a experiência em algo ainda mais impressionante.

Enterprise

Enterprise

Apesar de alguns clichês narrativos, o filme explora bem a luta entre o bem e o mal sem maniqueísmos. Mesmo a figura do vilão John Harrison possui justificativas e direcionamento dentro da trama. Nada é gratuito e ainda tem uma rápida aparição de Leonard Nimoy para adoçar os olhos de trekkies e nerds atenciosos. O que fica é um filme que mesmo que não se chamasse Star Trek, seria um filme de ação inteligente capaz de provar que enquanto houver criatividade na imaginação humana, ainda temos muito o que explorar na fronteira final.

por Adilson Cinema

FELIZ DIA DOS NAMORADOS

No dia de hoje uma ótima sugestão é convidar a pessoa amada para uma sessão pipoca e trocar gargalhadas e lágrimas que – quem sabe – possa dizer algo para a alma dos apaixonados. É certo que muitas vezes o cinema cria histórias que coincidentemente falam um pouco do que passamos ou do que gostaríamos de passar. Sendo assim aqui vai uma seleção de 10 filmes para se assistir no dia dos namorados :

1) Odeio o Dia dos Namorados.

Uns amam, outros odeiam

Uns amam, outros odeiam

Bra 2013. Dir: Roberto Santucci. Com Heloísa Perissé, Daniel Boaventura, Marcelo Saback, Daniela Winits.
Publicitária workaholic é contratada para campanha de cliente que por acaso é o seu ex-namorado de faculdade e com quem tem uma situação mal-resolvida. Com ajuda do fantasma de um amigo gay, ela vai tentar equilibrar seu lado profissional e sentimental. Filme que aproveita a ideia de “Scrooge” de Charles Dickens para mostrar que precisamos da força dos amigos, mesmo os que vem do além, para deixar de lado as amarguras e resolver velhos casos de amor.

2) Em Algum Lugar do Passado

... mas o amor não conhece limites de tempo ou de espaço

… mas o amor não conhece limites de tempo ou de espaço

(Somewhere in Time) EUA 1980. Dir:Jeannot Szwarc. Com Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plummer.
Jovem escritor se apaixona pela fotografia de uma bela atriz de teatro do início do século XX. Para encontrá-la, ele viaja no tempo e descobre que estavam destinados a se amar. Filme ideal para quem acredita que o amor verdadeiro não conhece obstáculos de tempo ou lugar, embalados pela onipresente trilha sonora de John Barry. A história é baseado em livro de Richard Matherson, autor de “Amor Além da Vida” e “Eu Sou a Lenda”.

3) Hitch – Conselheiro Amoroso

... não tem regras para acontecer

… não tem regras para acontecer

(Hitch.) EUA 2005. Dir : Andy Tennant. Com Will Smith, Eva Mendes, Kevin James, Amber Valetta.
Albert Brennerman, contador atrapalhado contrata especialista em encontros amorosos para ajudá-lo a conquistar o coração de rica herdeira por quem se apaixona. Ao ajudar Albert, o “Doutor dos encontros” acaba aprendendo uma valiosa lição sobre o amor.Divertida e agradável comédia romântica que mostra que existem algumas regras básicas no amor, e a primeira delas é “Na verdade, não há regras”.

4) Muito bem Acompanhada

... faz sorrir o coração mais desiludido

… faz sorrir o coração mais desiludido

(The Wedding date.) EUA 2005. Dir:Clare Kilner. Com Debra Messing, Dermot Mulroney, Amy Adams.
Mulher bem sucedida profissionalmente volta à cidade de sua família para o casamento da irmã mais volta e contrata gigolô para se passar por seu namorado. O truque é para dar o troco em antigo namorado que a passou para traz e dar uma satisfação aos pais. O resultado desperta velhas feridas e provoca situações inusitadas. Perfeito para quem pensa em artimanhas para driblar a infelicidade.

5) O Amor Não Tira Férias

... segue os caminhos ditados pelo destino

… segue os caminhos ditados pelo destino

(The Holiday.)EUA 2006. Dir: Nancy Meyers. Com Cameron Diaz, Kate Winslet, Jude Law, Jack Black, Rufus Sewell, Eli Wallach.
A Americana Amanda e a inglesa Iris trocam de casas e países para merecidas férias de fim de ano, longe de seus desafetos. Amanda acaba por se envolver com o irmão de Iris e esta com um amigo de Amanda. O filme ainda traz uma bela homenagem ao cinema através da figura do veterano Eli Wallach que interpreta Arthur Abbot, um roteirista da antiga Hollywood. Uma excelente forma de ver como um empurrão do destino entrelaça caminhos e abre novas possibilidades de se amar.

6) Jogos de Amor Em Las Vegas

... brinda a sorte dos que se arriscam

… brinda a sorte dos que se arriscam

(Fun in Vegas.) EUA 2008. Dir: Tom Vaughn. Com Cameron Diaz, Ashton Kutcher, Rob Cordry.
Homem e mulher se conhecem em noitada nos cassinos de Las Vegas e quando acordam no dia seguinte estão casados e não poder reverter a situação pois ganharam uma grande soma em dinheiro que só é válida se o casamento também for. Diverte com a química do casal Diaz – Kutcher e serve como exemplo de que no amor e no dinheiro vale tudo.

7) Letra & Música

... sempre acha sua canção tema perfeita

… sempre acha sua canção tema perfeita

(Music & Lyrics.) EUA 2007. Dir: Marc Lawrence. Com Hugh Grant, Drew Barrymoore, Kristen Johnson.
Alex Fletcher é um cantor decadente que nos 80 foi um sucesso na banda POP. Ganhando a vida em apresentações em shoppings e parques, sua chance de reencontrar o sucesso perdido surge quando uma jovem cantora o contrata para compor uma nova canção e se apresentar junto dela, mas o problema é que o inseguro Alex sofre de bloqueio para compor qualquer coisa e precisa da ajuda da jovem Sophie Fisher que rega suas plantas e é muito hábil com as palavras. Música e Amor formam uma combinação tão perfeita quanto Hugh Grant e Drew Barrymoore que mostram como é necessário sentir algo para escrever sobre esse sentimento.

8) Como Se Fosse a Primeira Vez

... favorece aquele que sabe seduzir a mesma mulher a cada dia

… favorece aquele que sabe seduzir a mesma mulher a cada dia

50 First dates. EUA 2004. Dir: Peter Segal. Com Adam Sandler, Drew Barrymoore, Rob Schneider.
A jovem Lucy Whitmore e o atrapalhado Henry Roth se apaixonam. O problema é que – após um acidente que lesou parte de seu cérebro – ela não consegue reter lembranças depois de 24 horas. Com isso, ele precisar elaborar todo dia uma forma de conquistá-la. Nem toda comédia de Adam Sandler consegue agradar, mas essa é uma das raras ocasiões em que uma história bem contada consegue fazer humor na medida certa e nos faz perceber que no amor é essencial reconquistar a pessoa amada todo dia como diz o título do filme.

9) Cartas Para Julieta

... reconhece as cartas de amor nunca estão fora de moda

… reconhece as cartas de amor nunca estão fora de moda

(Letters to Juliet.) EUA 2010. Dir: Gary Winick. Com Amanda Seyfried, Gael Garcia Bernal, Vanessa Redgrave, Franco Nero.
Jovem americana, de férias na Itália, encontra uma carta que seria atirada em fonte como parte de uma romântica superstição de encontrar um amor perdido. Emocionada com o conteúdo da carta, ela decide reunir o casal da carta que está separado há vários anos. Um filme bom que fala do amor jovem e do amor maduro.

10) Enquanto Você Dormia

... e faz do gesto mais simples a receita da felicidade.

… e faz do gesto mais simples a receita da felicidade.

(While You were sleeping.) EUA 1997. Dir: Jon Turteltaub. Com Sandra Bullock, Bill Pullman, Peter Gallagher, Peter Boyle, Jack Warden.
A solitária Lucy ajuda homem acidentado na estação do Metrô e se passa por sua noiva. Assim ela se torna parte da família descobrindo o amor de todos e a inesperada paixão pelo irmão mais velho. O último filme dessa lista deixa a mensagem de que o amor surge de formas inesperadas e que o destino dos amantes nunca dorme.

A TODOS VOCÊS UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS

por Adilson Cinema

ESTREIAS DA SEMANA : 6 DE JUNHO – O GRANDE GATSBY

o NOVO Gatsby

o NOVO Gatsby

Nos anos 20, os norte-americanos viviam um período de prosperidade ímpar. Embalados pelo jazz tocado nas festas e no rádio, principal mídia da época, as pessoas se deslumbravam pelo glamour e pelo materialismo ditado por hábitos de uma sociedade cega ao naufrágio dos valores morais. Foi nesse contexto ambíguo, de um lado a opulência e do outro a falência moral, que F.Scott Fitzgerald (1896/1940) escreveu “O Grande Gatsby” (The Great Gatsby) , que na época de seu lançamento (1925) pouco chamou a atenção do público leitor. Foi a posteridade quem delegou ao livro o título de uma mais maiores obras literárias do século XX, e isso quando Fitzgerald já havia morrido, desacreditado da força de suas próprias obras. Fitzgerald era ele próprio assíduo frequentador das mesmas festas retratadas na história de Jay Gatsby, um homem rico de passado misterioso que usa de seu prestígio e posição social abastada para reconquistar um antigo amor, a insegura Daisy hoje casada com um homem igualmente rico mas que a trai e maltrata. A história é contada do ponto de vista de Nick Carraway, primo de Daisy, jovem escritor que faz o narrador onisciente que vislumbra o mundo dos ricos e sofisticados com admiração e que serve de alter ego do próprio autor. É Nick quem desnuda para o leitor as falhas da sociedade americana daqueles anos loucos, como ficou convencionado chamar a era do Jazz (The Roaring Twenties).

Redford & Farrow

Redford & Farrow

Já houveram três adaptações do livro: 1926, 1949 e 1974 sendo esta última a versão mais famosa com Robert Redford, Mia Farrow e Sam Waterson nos respectivos papéis de Gatsby, Daisy e Nick, papeis esses que agora são representados por Leonardo DiCaprio, Carey Mulligan e Tobey MacGuire, todos dirigidos por Baz Luhrmann. Sua batuta costuma mezclar o clássico e o pop em cores e som de exuberante esplendor e até exagero, como foi em “Romeo + Julieta” (1996) também protagonizado por Leonardo diCaprio e o bem sucedido “Moulin Rouge” (1998). Essa mesma abordagem pode ser sentida nessa releitura do clássico de Fitzgerald apesar do ótimo texto, o que pode ser tanto curiosa como cansativa nas telas. O filme foi exibido no Festival de Cannes desse ano, mas fora da mostra competitiva e não arrecadou muito da bilheteria americana quando estreou em 10 de Maio último, com pouco mais de $50,000,000 contra um investimento total de $131,103,000. Ainda assim, sua refilmagem aponta a força das palavras de seu autor que procurou registrar o comportamento humano em um determinado período de tempo ainda visto por muitos como um período de glamour, mas que também mostra o início do fim para uma sociedade quando o ter sobrepõe a importância do ser.

 

ESTREIAS DA SEMANA – 7 DE JUNHO : DEPOIS DA TERRA

A volta de Shymalan ao sucesso ????

A volta de Shymalan ao sucesso ????

Visões pós apocalípticas do futuro sempre foram um mote bem explorado pelo terreno da ficção científica. Enquanto ainda estamos com um gostinho deixado por “Oblivion” que apresenta tema semelhante, recebemos esse “Depois da Terra” que traz Will Smith contracenando com seu filho, Jaden Smith, pela segunda vez (em 2006 fizeram o ótimo “À Procura da Felicidade”).
A história traz Will Smith como o General Cypher, um lendário guerreiro de uma época futura em que o planeta tornou-se irremediavelmente inóspito à presença humana. As pessoas se refugiaram nas estrelas, habitando naves espaciais. Quando a nave de Cypher cai após uma chuva de asteróides, no momento em que este tentava se reaproximar do filho de treze anos, pai e filho ficam à mercê dos perigos de um mundo que não é mais deles.
O roteiro interessante, escrito por Gary Whitte, trazia originalmente a história de pai e filho tentando sobreviver aos perigos de uma floresta quando uma viagem de acampamento dá errado. Quando chegou até Will Smith, este sugeriu transpor a história para o contexto de um planeta Terra daqui a mil anos. O ex maluco no pedaço aproveitou-se então para chamar o diretor indiano M. Night Shymalan com quem há muito alimentava a vontade de trabalhar. Shymalan é um diretor que se tornou prisioneiro das próprias fórmulas desde sua estreia por trás das câmeras de “O Sexto Sentido” em 1998. Apesar desse início promissor, Shymalan ficou estereotipado e fez péssimas escolhas com os roteiros que o próprio desenvolvia e que foram sucessivos fracassos de público e crítica com o passar do tempo. Esta é praticamente a primeira vez que Shymalan dirige um filme roteirizado por outro e que se apoia em uma história que desde seu início não esconde a intenção de se criar uma nova franquia a ser explorado nas telas e em outras mídias. O carisma de Will nas telas é um reforço e tanto para atrair o público, sendo o próprio responsável por várias tomadas durante a filmagem, por guiar o filho Jaden cena a cena e até o desenvolvimento da história, embora não seja creditado por isso. Talvez nisso resida uma chance de Shymalan não comprometer tanto o resultado final e quem sabe se construir uma aventura divertida como as grandes do gênero.

DEPOIS DA TERRA. After Earth. EUA 2013. Dir:M.Night Shymalan. Com Will Smith, Jaden Smith, Sophie Okonedo, Zoe Kravitz. Ficção científica.

por Adilson Cinema

IRMA LA DOUCE – 50 ANOS DA CLÁSSICA COMÉDIA

                Prostitutas no cinema já foram figuras mais ingênuas que a recente polêmica em torno de Bruna Surfistinha. Julia Roberts em “Uma Linda Mulher” (1989) encarnou uma prostituta com ares de Cinderela e, no clássico “Bonequinha de Luxo” (1965), Audrey Hepburn deu ao papel um ar de ingenuidade e fragilidade. Nenhuma foi mais cômica ou mais doce que Shirley MacLaine em “Irma La Douce” lançado há exatos 50 anos.

Shirley MacLaine & Jack Lemmon

Shirley MacLaine & Jack Lemmon

O roteiro é adaptação de um espetáculo da Broadway assinado por Alexandre Breffort que fez muito sucesso no início da década de 60 encenado nos palcos por 524 apresentações e que chegou a ser indicado ao Tony, o Oscar do teatro americano, na categoria de melhor musical. Quando assumiu a direção, Billy Wilder (1906-2002) tirou os números musicais por não se sentir à vontade para filmar números de canto e dança que ficaram registros a uma única cena em que Irma dança em cima de uma mesa de sinuca durante uma comemoração. Na história, A chegada de Nestor Patu (Jack Lemmon – 1925 / 2001), um policial honesto e ingênuo, a um bairro parisiense em que a prostituição é a mercadoria mais valiosa. A mais cobiçada delas é Irma (McLaine aos 29 anos em seu 17º filme) – sempre trajando roupas verdes de suave tonalidade que lhe moldura a sensualidade atenuada por um cãozinho em seu colo que lhe confere um ar falsamente pueril. Quando Nestor faz uma batida no sugestivo Hotel Casanova, extremamente sugestivo, que serve de reduto para as meninas, o ingênuo homem da lei leva todas para a delegacia acompanhadas de seus clientes, entre eles o próprio comissário de polícia. Demitido da força policial, Nestor acaba acidentalmente se tornando o “protetor” de Irma e o bonzão do pedaço. As coisas seguiriam tranquilas não fosse o fato de que cafetão e meretriz se apaixonam e Nestor se corrói de ciúmes a cada “cliente” de sua amada.

Jack Lemmon e as meninas (Shirley MacLaine & Hope Holiday)

Jack Lemmon e as meninas (Shirley MacLaine & Hope Holiday)

A aparente solução vem de um estratagema inventado com a cumplicidade do barman local, chamado simplesmente pelo apelido “Bigode” (Lou Jacobi – 1913 / 2009) que rouba a cena com sua ironia e vivência destilada em comentários espirituosos do tipo “Esse é o tipo de mundo em que vivemos. O amor é ilegal, não o ódio. Isto você pode fazer em qualquer lugar, com qualquer um…” ou “Ser excessivamente honesto em um mundo desonesto é como depenar uma galinha contra o vento. Você acaba com a boca cheia de penas.” Com o auxílio de Bigode, Nestor passa a trabalhar à noite – sem que Irma saiba – no mercado local e usa o dinheiro durante o dia para transar com Irma disfarçado como Lorde Inglês. Nestor torna-se, então, prisioneiro do próprio esquema já que Irma o julga desinteressado nela enquanto Nestor explode de ciúmes dele mesmo quando descobre que Irma planeja fugir com o falso Lorde. O que se segue é uma série de mal-entendidos no mais puro estilo farsesco, evidente principalmente quando Nestor ouve os conselhos de Bigode, que por trás de sua fachada de barman esconde um picareta da mais alta classe com várias identidades : militar, crupiê, advogado ou obstetra, que conforme o próprio faz questão de frisar por último “Isso já é outra história”.

O Sarcástico Bigode de Lou Jacobi

O Sarcástico Bigode de Lou Jacobi

Quando começou a desenvolver o filme, Wilder pensou em Marilyn Monroe como Irma e Charles Laughton (com quem havia trabalhado em “Testemunha de Acusação”) como Bigode, mas ambos faleceram antes o início das filmagens. O nome de Elizabeth Taylor surgiu em seguida, mas foi recusado por Wilder por temer que o relacionamento polêmico entre Taylor e Richard Burton prejudicasse o filme. Foi quando, Wilder chamou Shirley McLaine e Jack Lemmon ( com quem já havia trabalhado três anos antes em “Se Meu Apartamento Falasse” ) para o casal de protagonista. Shirley aceitou o papel sem ler o script, movida pela vontade de trabalhar novamente com Wilder e Lemmon, mas acabou desgostando do papel ao qual definiu como grosseiro e deselegante filme, chegando a se declarar surpresa quando foi indicada ao Oscar justamente pelo papel de Irma la Douce, sua terceira indicação pela qual declarou que caso ganhasse teria ficado embaraçada. O sucesso gera momentos curiosos já que apesar da repudia de MacLaine, o papel a levou até para a capa da revista “Life” . O filme também foi a estreia nas telas do ator James Caan e a primeira aparição no cinema do ator Bill Bixby, que interpretou o Dr.David Banner na clássica série de TV “O Incrivel Hulk”.

Capa da revista Life na época do lançamento do filme

Capa da revista Life na época do lançamento do filme

O filme, lançado em 5 de Junho de 1963, custou em torno de US$5.000.000 e foi um sucesso, tendo conquistado o Oscar de melhor score musical, a cargo de Andre Previn. Visto hoje, apesar de algumas situações retratadas se prolongarem desnecessariamente, o filme se mantém como deliciosa diversão carregada do mais puro nonsense principalmente pela confusão causada pela dupla identidade de Nestor e pela sintonia do elenco orquestrado pelo mestre Billy Wilder, que consegue gerar simpatia mesmo para com personagens moralmente discutíveis. Já exibido na TV várias vezes, eu assisti pela primeira vez nas madrugadas do Corujão, há muito tempo, é possível achar o filme no formato de DVD, uma boa oportunidade para rever um filme que mostra, que ainda que não tenha sido perfeito, consegue ser uma lição do mestre Wilder de como divertir sem cair na vulgaridade, coisa que muitas comédias de hoje parecem não saber fazer.

O filme em DVD

O filme em DVD

por Adilson Cinema