BOND 5 1/ 2 : CASSINO ROYALE (1967)

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Se o filme “Cassino Royale” que você conhece é aquele reboot que trouxe Daniel Craig pela primeira vez como James Bond, então precisa conhecer a versão de 1967 que não é oficial mas até que é interessante. Quando Albert  Broccoli & Harry Saltzman compraram os direitos de adaptação dos romances de Ian Fleming, propositalmente deixaram de fora “Cassino Royale”, publicado em 1953, que era a primeira aventura de James Bond. Isso porque o consideraram uma história parada demais, sem muita ação, já que a maior parte da narrativa se desenvolve no interior do referido cassino onde o vilanesco Le Chiffre, planeja ganhar no jogo de Bacará para repor o dinheiro que desviara da organização criminosa da qual era o contador.

1967 era o auge da Bondmania e os direitos de “Cassino Royale” foram parar do produtor Charles K. Feldman. Este tentou fazer um acordo com Broccoli & Saltzman para produzirem juntos o filme, mas estes recusaram.Em 1954 a CBS já havia transformado “Cassino Royale” em um episodio televisivo da série de antologias “Climax” e trazia o ator Barry Nelson no papel de James Bond. A adaptação distorcia bastante a história de Ian Fleming e trazia Peter Lorre como o vilão Le Chiffre, aqui transformado em agente soviético.

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A VERSÃO DA CBS DE 1954

Ciente de que seria impossível competir com o Bond oficial, Feldman decidiu por transformar o filme em uma paródia. Nele, sir James Bond, interpretado por David Niven, é retirado de sua aposentadoria para impedir os planos da diabólica organização SMERSH, dirigido pelo Dr.Noé. Bond convoca vários agentes para desnortear os vilões, inclusive o vilanesco Le Chiffre (Orson Welles). Entre os agentes estão Evelyn Tremble (Peter Sellers) e Vesper Lynd (Ursula Andress). Curiosamente, David Niven, famoso por seu ar de sofisticação e fleuma inglesa foi um dos nomes pensados para interpretar Bond antes que Sean Connery fosse contratado. O clima de galhofa inclui a metalinguagem quando sir James Bond comenta que já existe um outro escossês se passando por ele, clara referência a Connery. Curiosa a escolha de Ursula Andress para Vesper Lynd já que a atriz sueca foi a primeira Bond girl cinco anos antes em “007 Contra o Satânico Dr,No”. Aliás, o elenco inteiro é um achado incluindo Peter Sellers (o inspetor Closeau do clássico “A Pantera Cor De Rosa”), o mítico ator e diretor Orson Welles, a excelente Deborah Kerr – na época dom 46 anos – como outra Bond girl, e o vilão que se revela no final, o misterioso Dr.Noé é na verdade … Jimmy Bond, sobrinho de James Bond, vivido por …. acreditem …. Woody Allen !!! Ainda tem no elenco rápidas participações de outros nomes famosos na época como William Holden, Charles Boyer, Jacqueline Bisset, Jean Paul Belmondo, Peter O’Toole, o próprio John Huston e … sua filha Angelica Huston na ocasião aos 16 anos, fazendo o papel não creditado de assistente da agente Mimi (Kerr).

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O filme foi dirigido a cinco mãos: John Huston dirigiu a sequência de abertura ,a reunião dos chefes de inteligência na mansão de Bond e o episódio que se passa na escócia ; Val Guest dirigiu as cenas do subterrâneo do cassino e outra cenas adicionais ; Robert Parrish dirigiu a sequência do jogo de bacará , Ken Hughes dirigiu o balé no templo e a sequência em Berlim e Joe McGrath dirigiu e as cenas entre Peter Sellers e Úrsula Andress, que incluíram a bela canção “The Look Of Love”, composta por Burt Bacharach e Hal David e cantada por Dusty Springfield.

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Revisto hoje, o filme não faz tanta graça assim, mas diverte pelo elenco e o clima de brincadeira.que na época funcionou pois o filme teve uma bilheteria considerável para um projeto fadado ao fracasso. Não se esqueçam que durante a década de 60 haviam vários filmes de agente secreto que pegavam carona na bondmania: Derek Flint (James Coburn), Matt Helm (Dean Martin), mas nenhum deles foi muito longe. O filme de Feldman ainda conseguiu chamar a atenção o suficiente para ser ao menos indicado ao BAFTA (o Oscar dos ingleses), o Grammy (na categoria de melhor trilha sonora) e o Oscar de 1968 (a canção “The Look of Love”).  Por isso tudo, embora não seja considerado parte oficial da cine-série, esta primeira versão de “Cassino Royale” merece um revisionismo. E ainda prova que o apelo da criação de Ian Fleming sobrevive a várias interpretações.

BOND VOLTA EM ALGUNS DIAS AO BLOG COM “OO7 A SERVIÇO DE SUA MAJESTADE”.

ESTREIAS DA SEMANA : EM CARTAZ A PARTIR DE 14 DE MAIO DE 2015

MAD MAX – A ESTRADA DA FÚRIA ( Mad Max : Fury Road) EUA 2015. Dir: George Miller. Com Tom Hardy, Charlize Theron, Hugh Keys – Byrne, Teresa Palmer, Abby Lee . Ação / Ficção Cientifica.

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Em um mundo pós apocaliptico, o viajante rebelde Max (Hardy) recebe a involuntária companhia de Furiosa (Theron) quando decide resgatar um grupo de garotas de uma  guerra mortífera. É sempre um risco realizar uma sequência tardia, já que esse é o quarto filme do personagem que foi vivido por Mel Gibson (1980, 1982 e 1985) e também dirigido pelo mesmo George Miller. Tom Hardy, de 37 anos, (o Bane de “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ataca Novamente”) substitui Gibson, de 59 anos e cuja carreira caiu em declínio. Há muito tempo se falava na volta do outrora popular Mad Max ao cinema, chegando a se falar em reboot. Miller preferiu uma sequência direta dos eventos do último filme de Gibson (Mad Max alem da cúpula do trovão) e traz de volta do elenco do filme original o ator Hugh Keyes – Byrne que fez o vilão.A belíisima atriz sul africana Charlize Theron raspou as belas madeixas e ficou careca (irreconhecível) para o papel da guerreira que acompanha Max.

DIVÃ A DOIS. (BRA 2015). Dir: Paulo Fontenelle. Com Marcelo Serrado, Rafael Infante, Wanessa Giacomo, Fiuk, Totia Meirelles Comédia.

diva a dois

Ortopedista (Giacomo) em crise no casamento com um produtor de eventos (infante) busca auxílio de psicoterapeuta mas acaba se envolvendo com este em vez de tentar salvar seu casamento. Não é sequência do filme “Divã”, que fez muito sucesso com Lilia Cabral em 2009 já que os personagens e situações retratadas diferem, tendo em comum apenas o fato de girar em torno de uma terapia.

GALERIA DAS ESTRELAS : O CENTENÁRIO DE ANTHONY QUINN

ONE- MAN TANGO

Anthony Quinn

Segundo a auto-biografia do ator Anthony Quinn, o ator de diretor Orson Welles (que também completa seu centenário esse ano e de quem falarei aqui em breve) o teria apelidado de “One Man Tango”, pois sua auto confiança era tamanha que ele poderia dançar um tango sozinho e ainda assim impressionaria. A alcunha parece justa pois imaginem um mexicano com uma habilidade camaleônica tamanha capaz de ser convincente como um árabe, um italiano ou um grego. Seu olhar e postura o torna um revolucionário, um papa ou um deus grego. Estou falando de Antonio Rudolfo Oaxaca Quinn, que se vivo estivesse acrescentaria a esse invejável currículo a marca admirável de 100 anos, uma longevidade não alcançada por meros mortais, mas alcançada e superada ao menos pelas estrelas de cinema.

Nascido em 21 de Abril de 1915 em Chihauhua, México, filho de Manuela e Francisco Quinn que trabalhara como assistente de cameraman para um estúdio cinematográfico de Los Angeles naquele início de século. O pai chegou a fazer parte do exercito do revolucionário Pancho Villa. Antonio trazia no sangue o espírito de um guerreiro. Sua infância foi modesta e antes de ser ator, Antonio foi açougueiro e boxeador graças a um físico invejável que ele soube usar para atuar em papéis que o exigiam como de piratas ou gangsters, sempre como um coadjuvante talentoso capaz de roubar a cena. Lembro de Anthony Quinn, por exemplo, aos 25 anos,  como o vilão de “Cisne Negro” (The Black Swan) de 1940 antagonizando Tyrone Power, com quem também trabalhou em “Sangue & Areia” (Blood & Sand) de 1941, embora tenha feito um papel menor.  Havia já ali uma pretensão, uma ambição que instigava o ator a buscar algo mais. Contratado pela Paramount,  ficou um longo tempo colecionando papéis menores em filmes de outros astros, e sempre em papéis que exploravam mais seu biótipo do que suas habilidades interpretativas. Decepcionado, ele trocou Hollywood pelos palcos da Broadway onde teve elogiado desempenho como Stanley Kowalski na adaptação de “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennesse Williams, e ainda estudou arquitetura por um período. Nessa fase de sua vida, Anthony estava casado com Katherine De MIlle,  a filha do mítico diretor Cecil B.De Mille, com quem aliás não nutria um relacionamento muito amistoso.

anthony quinn e esposa

ANTHONY QUINN & A PRIMEIRA ESPOSA KATHERINE DE MILLE

Demorou, mas logo Anthony Quinn foi redescoberto por Hollywood e em 1947 já havia se naturalizado americano. Contudo, quando a peça de Williams foi adaptada para o cinema por Elia Kazan, o papel de Kowalski foi para Marlon Brando. Kazan, no entanto, reconhecia que havia um talento que não deveria ser desencorajado ali, e escalou Anthony Quinn para um outro papel de destaque, curiosamente, o de irmão de Marlon Brando em “Viva Zapata” (1952), cinebiografia do revolucionário mexicano Emiliano Zapata. Esse foi o momento da virada para o ator que conquistou o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel que veio a impulsionar sua carreira, e tornando-o o primeiro ator de origem mexicana a ganhar a cobiçada estatueta de ouro da Academia. Repetiu o feito cinco anos depois quando interpretou o pintor francês Gauguin no excelente “ Sede de Viver” (Lust for Life), dirigido por Vincent Minelli, que conta a história de vida do pintor Vincent Van Gogh (Kirk Douglas).

O SEGUNDO OSCAR, TAMBÉM, COMO COADJUVANTE

O SEGUNDO OSCAR, TAMBÉM, COMO COADJUVANTE

Aparecendo por pouco tempo em cena, Anthony Quinn conseguiu brilhar mesmo contracenando com um visceral Kirk Douglas, em atuação igualmente impactante. Aliás, na vida real Anthony Quinn era um pintor auto-didata, tendo se interessado pela arte durante sua adolescência, e depois de adulto chegou a conquistar elogios do crítico de arte Donald Kuspit e a ter seus quadros exibidos em galerias de arte no México, Los Angeles, Nova York e Paris. Quinn voltou a contracenar com Kirk Douglas como seu antagonista em filme apropriadamente batizado “Duelo de Titãs” (Last Train for Gun Hill) de 1959, faroeste em que Anthony Quinn interpreta um barão do gado que se recusa a entregar seu filho, que cometera um crime, ao homem da lei (Douglas) que já foi um dia seu melhor amigo. Ao longo da década de 50 diversos convites surgiam e o versátil ator foi morar na Itália onde, na época, várias produções internacionais eram rodadas pois os incentivos fiscais barateavam os custos de produção. Nessa época teve a oportunidade de trabalhar com Federico Fellini em “Estrada da Vida” (La Strada) de 1954. Sua figura já havia alcançado prestígio mundial quando apareceu ao lado de nomes de peso como Peter O’Toole e Omar Shariff em “Lawrence da Arábia” (Lawrence of Arabia), de David Lean, e esteve junto de Gregory Peck e, David Niven em “Os Canhões de Navarore” (The Guns of Navarone). Entre esses, me encantei com sua performance em “As Sandálias do Pescador” (The Shoes of The Fisherman), adaptação da obra de Morris West sobre um papa de origem ucraniana eleito em meio a uma crise mundial. Anthony Quinn transmite equilíbrio e uma humanidade tão acima dos padrões normais que, mesmo se tratando de uma história de forte contextualização política, suas ações parecem compor uma fábula moderna. A sabedoria e humildade espelhada nas telas fazem um curioso contraponto com os traços rudes de seu rosto. Este é o meu filme favorito dentre os estrelados por Anthony Quinn, devo dizer.

AS SANDALIAS DO PESCADOR

AS SANDALIAS DO PESCADOR

Em todos esses filmes, mesmo que em meio a  um elenco estelar, Anthony Quinn sempre conseguia se fazer notar, se destacando com notável desembaraço. Ele conseguia transmitir credibilidade não importando em que papel alcançou  impressionante resultado protagonizando “Barrabás” (1961) e “Zorba o Grego” (Zorba the Greek) (1964). No primeiro, uma superprodução realizada no auge dos épicos Hollywoodianos. viveu o atormentado ladrão que foi perdoado e salvo da crucificação no lugar de Jesus Cristo. Do sofrimento pungente de seu personagem no filme de Richard Fleischer, saltamos para uma catarse contagiante como o grego Zorba no filme dirigido por  onde Anthony Quinn ganha a tela com uma atuação maior que a própria vida, dando uma lição de simplicidade e generosidade para um milionário incapaz de perceber o valor da vida. Novamente, a rudeza de seus traços servem de tempero para uma atuação inspirada, capaz de lavar a alma e contagiar o espectador. Foi também um índio (O Intrépido General Custer de 1941 e Bufffalo Bill de 1944), um marinheiro árabe (Simbad o Marujo de 1947), o corcunda Quasímodo da obra de Victor Hugo (O Corcunda de Notre Dame de 1957), um esquimó (Sangue sobre a Neve de 1960), o imperador chinês Kublai Khan (Marco Polo o magnífico de 1965) entre outros.  Todos facetas múltiplas de um ator cuja versatlidade não tinha limites. Na vida pessoal também era um homem de muitos papeis: Estudou arquitetura, casou outras duas vezes, foi pai, escritor, muitos em um único homem.

zORBA O GREGO

zORBA O GREGO

Na década de 60, sua vida pessoal teve grandes mudanças quando ele se divorciou de Katherine, com quem teve cinco filhos e se casou com Jolanda Addolori , uma estilista que Quinn conhecera na Italia e que veio a se tornar sua segunda esposa. Anthony Quinn, em uma entrevista à revista LIFE, dizia que o tempo todo procurava fugir da estereotipação dos papeis que lhe eram oferecidos. Ainda assim aparecia em papéis assim como um milionário grego inspirado na figura de Aristoteles Onassis em “O Magnata Grego” (The Greek Tycoon) de 1978, o profeta mulçumano em “Maomé – o Mensageiro de Deus” (Mohammed – Messenger of God) de 1977. A chegada da idade lhe dificultou o acesso aos bons papeis, mas o ator encontrou na TV novas possibilidades. Na década de 90, veio o papel de Zeus, o senhor do Olimpo em uma série de telefimes estrelados por Kevin Sorbo como o semi deus “Hercules”. Personagens marcantes fizeram sua carreira memorável e este ano celebramos tal multiplicidade com a certeza única de que poucos atores conseguiram marcar sua estirpe tendo contra si tantos estereótipos imputados a si, e a a favor toda essa energia que fez de Anthony Quinn um ídolo como poucos.

FELIZ ANIVERSÁRIO : DWAYNE “THE ROCK” JOHNSON

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Ele já foi Hercules, o escorpião rei, agente federal e até … uma fada !!! Tão atípica escolha de papeis vindo de um ex astro da luta livre com um carisma inegável. Duvida ? Pois Dwayne Douglas Johnson, nascido em 2 de maio de 1972, começou como jogador de futebol americano, como seu personagem Joe Kingman em “Treinando O Papai” ( The Game Plan). Seu pai e avô já eram lutadores profissionais quando Dwayne decidiu seguir seus passos entrando para o mundo do “Wrestling” (Luta Profissional que mistura golpes e agarramento, lembrando o estilo greco-romano).

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Nada mal para quem viria bem mais tarde a encarnar o semi deus “Hercules” (2014), um filme que embora não tenha sido um grande sucesso, tampouco arranhou a popularidade do ator que teve papéis de destaque nos ultimos filmes da franquia “Velozes & Furiosos” (The Fast & The Furious) para a qual entrou no quinto filme como o agente federal Luke Hobs e continua até hoje. Também foi positiva sua entrada para o elenco de duas franquias que estavam fracas : “G.I.Joe : Retaliação” e “Viagem 2: A Ilha Misteriosa”, mas que com sua chegada ganharam novo fôlego.Esse californiano também passou pelo famoso programa  humorístico americano “Saturday Night Live”  antes de ter sido escolhido para o papel do monstruoso escorpião-rei em “O Retorno da Múmia” (The Mummy Returns) em 2001.

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O sucesso foi tão imediato que no ano seguinte estrelou um filme solo do mesmo personagem. Entrou então para o livro Guiness de record por ter recebido mais de 5 milhões de dólares, uma soma inédita para um ator iniciante.Demonstrou talento para trabalhar ao lado de crianças em filmes como a refilmagem do clássico da Disney “A Montanha Enfeitiçada” (Race to Witch Mountain),” O Fada do dente” (Tooth Fairy) e os já mencionados “Treinando o Papai” e “Viagem 2”. Em meio a imagem de brucutu que o persegue mesmo tendo deixado de lado o apelido “The Rock” dos tempos de lutador, e mesmo tendo diversificado seus papeis entre comédias e filmes de ação, Dwayne Johnson mostrou que há um lado paternal forte em sua aura, e a experimentou em um papel mais dramático em “O Acordo” (The Snitch) como um pai que se infiltra em um gang de traficantes de drogas para limpar o nome do único filho que foi preso.

pai e filha

pai e filha

Na vida real o ator tem uma filha, Simone Alexandra Johnson hoje com 14 anos, de seu casamento com a ex fisioculturista Dany Garcia, com quem ficou casado por 10 anos. Em breve reencontraremos o ator no filme catástofe “Terremoto: A Falha de San Andreas” (Trailler já mostrado no blog) e para 2019 já está garantido seu papel de Adão Nergo, antagonista do super heroi “Shazam” na adaptação anunciada pela Warner. Com um vilão tão carismático, o heroi vai precisar de muito gás para agradar aos fans. Quem sabe role a hilária “Dança do peitoral”? Não sabe do que se trata ? Assista “Viagem 2”. Parabéns !!!

BOND 5: COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES

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“You only live Twice: Once when you are born, and once when you look death in the face”

 A Quinta Missão: Bond forja sua própria morte ao viajar para o Japão e com o auxílio do agente Tanaka investiga quem está roubando foguetes americanos e soviéticos para provocar um conflito entre o ocidente e o oriente. O responsável é o próprio Brofeld, o homem forte da Spectre, que trama o conflito de sua base secreta no pé de um vulcão.

Bond Vive Bem Mais de Uma Vez : Quando o quinto filme chegou aos cinemas brasileiros em 2 de Outubro de 1967, quase quatro meses depois da premiere britânica, Sean Connery já estava saturado com o personagem. Na coletiva para a imprensa no Japão, Connery estava visivelmente descontente, principalmente com as constantes e insistentes comparações feitas entre o ator e o personagem. Em determinado momento, Connery e sua esposa Diane Cilento foram bombardeados com perguntas dirigidas a ele como se ele fosse James Bond, e não Sean Connery. Vestido para a coletiva em roupas informais, Connery foi indagado por um dos repórteres se aquela seria a maneira adequada para James Bond se vestir. Irritado, Connery teria respondido “Não sei. Meu nome não é James Bond, é Sean Connery e gosto de me vestir de forma a ficar confortável”. Além disso, Connery foi excessivamente assediado pela imprensa e teve uma suposta foto sua no banheiro publicada por um jornal em Tokio. Bond recebeu uma proposta de 1 milhão de dólares para continuar por mais um filme, mas se recusou e anunciou sua saída da série.

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O filme, adaptado do 12º livro escrito por Ian Fleming, foi dirigido por Lewis Gilbert e trazia Nancy Sinatra na canção-título. O roteiro, escrito pelo renomado autor Roald Dhal (que escreveu o clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), se distanciou completamente da obra original de Fleming. No livro, que se passa depois dos eventos de “A Serviço de Sua Majestade” – que ainda não havia sido adaptado – Bond começa a história deprimido e desacreditado depois que a única mulher que amara foi assassinada por Brofeld. O agente aceita a missão no Japão para se esquecer de sua dor e recebe a incumbência de convencer os japoneses a lhe dar acesso a transmissão de rádios soviéticas, mas estes só o farão se Bond encontrar e matar o Dr. Guntram Shatterhand que não é outro senão Brofeld disfarçado. Clamando por vingança, Bond invade o covil do vilão, um castelo onde cultiva um jardim repleto de plantas carnívoras e outras venenosas. Bond enfrenta o vilão no jardim da morte onde o mata, mas ao final da história Bond recebe o impacto de uma explosão que o deixa desmemoriado e vivendo como um pescador, uma nova vida que dá sentido ao título do filme, uma frase retirada de um haiku (poema japonês) por Fleming, que diz  que “Só se vive duas vezes: uma ao nascer e outra ao encarar a morte”.

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As filmagens, com orçamento em torno de 9 milhões e meio de dólares, foram em parte realizadas nos Estúdios Pinewood em Londres (como a base de Brofeld no vulcão) e em parte em locações no Japão. As atrizes que faziam as Bond Girls Akiko Wakabashi e Mia Hama não sabiam falar quase nada em inglês. Mesmo tendo seus papéis invertidos pois Mia tinha mais dificuldade com o idioma, as atrizes tiveram que ser dubladas. Mia também não sabia nadar e teve que ser substituída por Diane Cilento, a mulher de Connery que usou uma peruca preta e foi filmada de longe. O filme de Lewis Gilbert foi a primeira vez que Brofeld mostrava seu rosto. O visual do ator Donald Plesance foi tão impactante que ficou no imaginário popular e foi a inspiração, muitos anos depois, para que o comediante Mike Kyers criasse o vilão Dr. Evil, inimigo do agente Austin Powers.

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Foi a primeira vez que uma adaptação de Bond se distanciou tanto do material original de Fleming, o que se tornaria comum depois. Na época, auge da corrida ao espaço, os produtores preferiram pegar carona no clima e produzir uma história com tais elementos. Eram seis anos depois do vôo histórico do russo Yuri Gagarin em órbita ao redor da Terra e dois anos antes da missão da Apollo XI que levou o homem à lua.  No mesmo ano que “Com 007 Só se vive duas vezes”, chegou ao cinema a primeira adaptação de “Cassino Royale”, único livro de Fleming que não havia sido comprado por Albert Broccoli. Mas isso já é outra história.

JAMES BOND VOLTA AO BLOG NA PRÓXIMA SEMANA COM “CASSINO ROYALE”