Quando alguém pensa em Tim Burton, automaticamente vem à mente seu estilo gótico que marcou vários de seus filmes. Assim que pensaram em adaptar o livro “O Lar das Crianças Peculiares” de Ransom Riggs, o nome de Burton veio logo foi ligado ao projeto. O próprio Burton teria dito “Vão pensar que eu também escrevi o livro”. A identificação levou ao filme, recentemente lançado nos cinemas, conectado à concepção visual típica dos filmes desse Californiano, nascido em 25 de Agosto de 1958, cuja infência e adolescência introspectiva lhe conferiu a aura de exquisitão. Quando ainda cursava a escola de ensimo fundamental criou um cartaz para ser usado pela empresa de coleta de lixo. Estudou artes na universidade e, depois de graduado, já conseguiu emprego como animador dos Estudios Disney onde trabalhou nas animações “O Cão & a Raposa” (1982) e “O Caldeirão Mágico” (1985). Entre os dois trabalhos, realizou o curta animado “Vincent” (1982) sobre um garoto que queria ser o ator Vincent Price. Narrado pelo próprio Price, o curta recebeu prêmios e aplausos da crítica. Dois anos depois realizou outro curta, fazendo uma adaptação de Mary Shelley em “Frankenweenie”, que anos mais tarde transformaria em longa. A primeira chance como diretor de um filme se deu com “As Aventuras de Pee Wee” (1985), mas o filme que colocaria o nome de Tim Burton diante dos holofotes veio em 1988, “Os Fantasmas Se Divertem” (Bettlejuice), uma comédia de humor negro de grande sucesso que até hoje alimenta boatos de uma possível sequência.
Pouco depois o nome de Burton se tornou uma escolha natural da Warner para comandar a adaptação de “Batman” (1989) para o cinema com Michael Keaton, Jack Nicholson e Kim Basinger. A impressionante cenografia de Anton Furst foi um triunfo que fez de Gotham City um personagem dentro da história que trazia falhas no roteiro como fazer do Coringa o assassino dos pais de Bruce Wayne. O sucesso levou a “Batman o Retorno” (Batman Returns) de 1991, até hoje a única sequência dirigida por Burton. Este parecia à vontade em retratar personagens soturnos, ecos dos delírios sombrios do diretor. O sucesso comercial dos dois filmes do Batman lhe deu a moral para experimentar o que quisesse, e assim vem seu filme mais lírico “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands) em que teve a oportunidade de trabalhar com um de seus ídolos, o ator Vincent Price, este então com 79 anos. Também aqui trabalhou pela primeira vez com o astro Johnny Depp que parece compartilhar com o diretor uma atração por personagens bizarros. Ao todo fizeram juntos 8 filmes.
O melhor deles foi “Ed Wood” (1994), cinebiografia do pior cineasta de todos os tempos que deu o Oscar de melhot ator coadjuvante para Martin Landau, este em uma impressionante caracterização de Bela Lugosi. Depois vieram “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (Sleepy Hollow) de 1999 (onde teve a oportunidade de conhecer outro ídolo, o ícone Christopher Lee), “A Fantástia Fábrica de Chocolate” (Charlie & The Chocolate Factory) de 2005, “A Noiva Cadaver (The Corpse Bride) de 2005, “Sweeney Todd” (2007), “Alice no País das Maravilhas” (Alice in the Wonderland) de 2010, “Sombras da Noite” (Dark Shadows) de 2012.
No início da década de 90 teve um insucesso quando transformou em filme uma série de trading cards clássica que colecionara. Assim foi com “Marte Ataca” (Mars Attacks) de 1996 que sofreu comparações inevitáveis com “Independence day” , lançado um ano antes. Apesar do elenco estelar que incluiu Jack Nicholson, Pierce Brosnan, Michael J. Fox entre outros, o filme pecava por um humor negro que parece não encontrar o caminho certo para se conectar com o público. Também fez bons trabalhos como produtor em filmes como “O Estranho Mundo de Jack” ( The Nightmare Before Chrstmas) de 1993, “Batman Eternamente” (Batman Forever) de 1995 e, mais recentemente “Alice Através do Espelho” (Alice Through The Looking Glass) de 2016. Mostrou outros caminhos com a cinebiografia da pintora Margareth Keane em “Grandes Olhos” (2015) com Amy Addams. Tim Burton parece à vontade com sua imagem presa ao estilo gótico, o que certamente o faz previsivel para análise de muitos, tão vítima de seus delírios quanto Hithcock de su câmera, o que claro não denigre de forma alguma o talento que o levou a se um dos grande diretores do cinema Hollywoodiano.