Algumas coisas sobre o Capitão América que nem todos conhecem: Ele não foi criado por Stan Lee, mas sim por Joe Simon & Jack Kirby. Datado de Março de 1941 (embora tivesse sido distribuído no final do ano anterior), a revista “Captain America” #1 foi publicada quase um ano antes do bombardeio japonês em Pearl Harbor que levou os Estados Unidos a entrar na Segunda Guerra. Também não foi o primeiro a explorar um caráter ufanista já que antes já havia sido publicado o herói “O Escudo” (The Shield) na revista “Pep Comics” #1, publicada vários meses antes, e que já trazia um uniforme baseado na bandeira norte-americana. Chris Evans não é o primeiro ator a viver o herói, e sim o quarto ator a personificá-lo.
Em 1944, um ano antes do fim da Segunda Guerra, Dick Purcell estrelou um seriado da Republic (Aqueles que eram divididos em 15 capítulos antes do filme principal) onde seu nome não era Steve Rogers, mas sim Grant Gardner, um promotor público. Seu uniforme não trazia as asinhas da máscara e empunhava um revólver em vez do vistoso escudo. Seu inimigo era o vilão Escaravelho, cuja identidade era conhecida do público para criar envolvimento da plateia. O orçamento do seriado “Captain America” (1944) era maior que as produções do gênero e foi o último trabalho de Purcell, que falecera de ataque cardíaco poucos meses depois de terminadas as filmagens. Essa versão é possível de ser encontrada em DVD. Demorou um longo tempo para uma nova adaptação, e mesmo nos quadrinhos o herói passou por um período de baixas. Com o fim do conflito mundial, os comunistas substituíram os nazistas como vilões, mas mesmo assim o gênero parecia cair em decadência até que o título do herói foi cancelado.
Somente em 1964 em “Avengers” #4 que Stan Lee ressucitou o sentinela da liberdade substituindo o ufanismo do passado pelo anacronismo. Despertado de sono criogênico, Steve Rogers é um homem deslocado no tempo, representante de um ideal de liberdade utópico e com valores morais ultrapassados. Lee foi genial em trazer o herói em uma época em que a America perdia a inocência depois das mortes de Kennedy e Martin Luther King e, entrando a década de 70 em que teve um elogioso arco de histórias escrito por Steve Englehart e desenhado por Sal Buscema no qual enfrenta a organização “Império Secreto”, reflexo direto da década do escândalo de Watergate e da queda de Nixon.
Em 1979, a Universal gozava com o sucesso da série de Tv do Incrível Hulk, estrelado por Bill Bixby e Lou Ferrigno, uma adaptação inspirada no material impresso da Marvel, mas absolutamente livre das referências originais do personagem. Pensava-se em fazer o mesmo com o Capitão América e, assim a CBS levou ao ar dois filmes pilotos estrelados pelo ex jogador de futebol americano Reb Brown, então com quase 30 anos. Os telefilmes “Captain America” e “Captain America II – Death Too Soon” traziam Steve Rogers como desenhista publicitário sem nenhuma relação com o exército ou com a segunda guerra. Após sofrer em um atentado devido às relações de seu falecido pai com o governo, Steve tem a vida salva por um soro que lhe dá super força e velocidade. Seu uniforme parecia com o das HQs (ficou melhor no segundo filme) mas tinha dois detalhes: Sua máscara era composta por um capacete de motoqueiro e seu escudo era transparente. O resultado foi abaixo do esperado para justificar a produção de uma série, mas trazia um atrativo a presença do veterano Christopher Lee (Drácula) no segundo filme. Apesar do orçamento restrito, as cenas de ação conseguem empolgar e foram para os que como eu, assistiram na TV Globo quando criança, uma aventura no mínimo agradável. Na França o segundo telefilme chegou a ser exibido nos cinemas. Aqui no Brasil, foi pelo SBT.
Precisou de mais de dez anos para um novo filme. Nas HQs, Steve Rogers foi temporariamente trocado por outro quando se recusou a ser um operativo oficial do governo, e descobriu que seu arquiinimigo, o Caveira Vermelha, não apenas ainda vivia como ocupava um corpo clonado de Steve Rogers. Os autores Mark Gruenwald e Kyeron Dywer deixavam claro que, apesar do patriotismo inerente a sua identidade heroica, Steve Rogers se recusava a ser um peão do governo.
Paralelamente, os produtores Menahem Golan e Yaram Globus realizaram uma nova adaptação do herói com pretensão de serem fiéis às HQs originais, dividindo o filme em duas épocas: Um prólogo na Segunda Guerra onde enfrenta o Caveira Vermelha e depois um salto no tempo para os anos 90 onde volta a enfrentar o Caveira Vermelha para salvar a vida do presidente dos Estados Unidos. O orçamento foi novamente abaixo do necessário para um resultado melhor, a nacionalidade do Caveira Vermelha passa a ser italiana com o canastrão Scott Paulin transformando-o em um gangster moderno. O papel do herói foi vivido por Matt Salinger, filho do escritor J.D Salinger (o autor de “O Apanhador no campo de centeio) e a direção ficou a cargo do fraco Albert Pyun. No Brasil, “Capitão America” nem chegou a ser lançado no circuito comercial, sendo diretamente lançado em VHS.
Chris Evans já apareceu como o herói em 5 filmes (o que inclui uma ponta em “Thor Mundo Sombrio”) desde 2011 e agora enfrenta seu maior desafio em “Capitão America :Guerra Civil”, uma história inspirada na polêmica mini-série escrita por Mark Miller em 2009. Nela, o governo promulga uma lei para obrigar qualquer super herói a revelar sua identidade secreta e acatar as ordens do governo se quiser agir. De um lado, o Homem de Ferro lidera aqueles que aceitam a imposição e, por outro o Capitão America lidera os que se opõem à medida que infringe os direitos civis e a liberdade de atuação. As implicações da história foram profundas no universo Marvel, e por isso mesmo estarão contidas no filme que se propõe a ser uma continuação dos eventos de “Soldado Invernal” (2014) e “A Era de Ultron” (2015) e ainda servir de ponto de partida para a fase 3 que se desenvolverá nos filmes da Marvel Studios. Escolha um lado e divirta-se. Cap fOREVER !!!!!